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Planejamento Pessoal

"Agora não dá", "Depois eu faço", "Quando der"

renata_admin
Escrito por renata_admin em 24 de agosto de 2021

O tempo está passando, ele não espera, não resolve problemas, apenas segue. Tic-tac.

Quem dera pudéssemos pedir ao tempo que tenha calma, pois estamos com uma lista infinita de afazeres. Ah! Essa não acaba!

Mas confesso pra ti, que ela ser infinita não é um problema, aliás que bom que ela não tem fim, sinal de que somos úteis e eu gosto de me sentir útil. 

A lista só é um problema quando tem várias coisas para fazer apenas buscando agradar e atender as expectativas das outras pessoas. Quando olhar para ela traz o sentimento de frustração de não ter tempo para si, de não ter tempo para curtir a vida ao lado das pessoas que ama, de não ter tempo para fazer o que você realmente acredita que deveria estar fazendo.

Quando ela faz você repetir “Agora não dá”, “Quando der”, “Depois eu faço” e isso se torna uma constante na sua vida.

A artrite chegou aos meus 27 anos. Na época eu trabalhava no Terminal da Praia Grande como assistente administrativo e tinha assumido a função de  desenvolvedora de sistemas. Passava a manhã e tarde no meu emprego como desenvolvedora e a noite no terminal, ou seja, era o dia inteiro dedicada ao trabalho.  

Aos finais de semana também trabalhava no terminal e às vezes fazia algo da Arquitetura, era uma recém-formada arquiteta e urbanista. Meu foco era  ter uma boa renda e ser bem sucedida. 

O  termo “bem sucedida” deixo a cargo do que eu imaginava que as pessoas esperavam de mim. 

Se me perguntassem o que seria ser feliz, a resposta seria passar num concurso, ter uma casa bonita, um carro, formar uma família, talvez viajar pelo mundo, mas acreditem, até então, ainda não tinha viajado para lugar algum com o propósito de passear, não lembro nem de viajar.

Não tinha percebido o quanto minha vida era insignificante até a artrite chegar. Eu apenas sobrevivia. Parece louco, mas foi a doença que me despertou e me trouxe mais qualidade de vida.

Não quero ser hipócrita e dizer que graças a Deus a artrite chegou e me deu esse empurrão, preferia ser empurrada de outro jeito. No entanto, a minha melhoria de vida só veio depois da doença. Quando a descobri tive diversas crises, dificuldades para me vestir, me locomover e viver. Lembro de um dia que passei a noite inteira chorando, porque não conseguia dormir direito com as dores no corpo. Foram dias muito difíceis, até encontrar um tratamento que surtisse efeito e eu pudesse voltar a viver uma vida quase normal. 

Meu sonho é ter uma vida normal, livre de remédios, cheia de energia e saúde. Espero que um dia eu consiga realizá-lo, e é por esse sonho que me movimento todos os dias, é por esse sonho que eu escrevo hoje, é por esse sonho que eu empreendo, é por esse sonho que eu ensino as pessoas a não caírem na mesma armadilha que eu caí. Eu não fazia parte da minha lista, eu estava presa no “quando der”, “depois eu faço” ou “agora não dá”. 

Descobrir  isso foi doloroso e, ao mesmo tempo, libertador. 

Hoje eu sou dona do meu tempo, consciente das minhas escolhas e assumo a responsabilidade por cada uma. Tenho orgulho de olhar para minha agenda e me ver nela, entender o porquê de cada coisa e que tudo ali cuida de mim. Como eu cresci e evoluí.  

Eu sei que essa jornada não é simples como decidir se vamos tomar um sorvete ou uma tigela de açaí. Se permitir viver é uma decisão complexa! Todos os dias o mundo vai dizer o que você deve fazer e vai querer encher a tua lista com coisas que não fazem sentido, te deixando de lado e te fazendo repetir que quando der você vai viver o que você realmente gostaria. 

Talvez esse quando nunca chegue. Tic-tac…

Renata Sousa Cantanhêde Braga

Foto de Agê Barros na Unsplash

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