A artrite apareceu no final de 2009, mesmo ano que me formei como arquiteta. Ela me fez refletir sobre como eu levava a vida.
Nesta reflexão as questões profissionais estiveram presentes.
Achei que havia feito as escolhas erradas:
- Por gostar de escrever, podia ser Jornalismo;
- Por gostar de cantar, podia ser Música;
- Por gostar de desenhar, podia ser Artes;
- Por gostar de criar produtos, podia ser Design;
Fiz duas graduações, Ciência da Computação (CP) e Arquitetura(A). Escolhi CP lendo um manual de profissões, era minha primeira opção.
Tive o privilégio de entrar na universidade aos 18 anos e também de poder cursar as duas. Não ao mesmo tempo porque os horários chocavam.
Aos 22 eu estava quase formada e voltei a cursar arquitetura. Aos 27 eu era bacharel em CP e Arquiteta e Urbanista.
Mas porque eu tinha escolhido CP e Arquitetura? Arquitetura, porque eu gostava de desenhar. Ciência da Computação me falava de criar tecnologias, aplicativos, soluções e isso fazia meu olho brilhar.
Acontece que muitas vezes quando pensamos em carreira vamos ao mais óbvio. Se é Direito, é para atuar como advogado. Se é Arquitetura e Urbanismo, é para atuar como arquiteto. Se é Jornalismo, é para atuar como jornalista. Mas todas as formações apresentam diversas maneiras de atuação.
Eu? Fiquei também no mais óbvio da minha área, fui desenvolver sistemas. Uma atividade em que você não fala muito e apesar de ter contato com outros seres humanos, você fica mergulhado no mundo da máquina. Minha vida profissional, desde os estágios, foi atuando como desenvolvedora.
Até que em 2009, fiquei doente e comecei a questionar tudo o que vinha fazendo.
A jornada de autoconhecimento, que iniciei, me levou a fazer um teste vocacional.
O resultado dizia que eu tinha jeito para Design e todo meu perfil me fazia facilmente estar em papéis de liderança.
Mesmo com todas evidências me dizendo que ele fazia sentido, demorei a tomar uma atitude.
Eu gosto de tantas coisas, não conseguia abrir mão de nada, ao mesmo tempo que eu abria mão de tudo, uma vez que não saía do lugar. A cobrança que vinha ao meu pensamento era que eu tinha que escolher. Escolher o design não me parecia apropriado e tudo o que tinha feito até então? Esta forma de pensar me gerava dúvida e muito sofrimento.
Com isso, optei por experimentar o canto, a escrita e o desenho. Foi um ano de laboratório, um ano que me trouxe muita luz, porque com o conhecimento de Planejamento e Produtividade que tenho, descobri que havia espaço para tudo na minha vida.
Compreendi que nem tudo precisava virar uma profissão, que meu trabalho atual combinava comigo, porque me permite usar minhas habilidades de dialogar, ensinar, conhecer pessoas. E quando assumi as funções de liderança, pude explorar ainda mais meu lado motivador, criativo e comunicativo (você acredita que estou em função de liderança desde 2009?).
Fazer essa jornada foi acalmando meu coração, me fez entender que não existem escolhas erradas, existem experiências que vão fazendo com que a gente melhore o caminho. Hoje eu consigo enxergar por que Ciência da Computação, por que Arquitetura e por que o Design está no meu teste de vocação em primeiro lugar. Simplesmente porque tudo isso me atrai e todas as minhas habilidades podem ser aproveitadas nessas áreas.
Quando concluí CP, meu trabalho foi sobre Animação. A disciplina que eu mais gostei do curso foi Computação Gráfica. Ainda não conseguia ver, mas era justamente porque envolvia a arte e o design.
Recentemente, escrevi um livro. O primeiro de muitos. Incluí o Design na minha rotina, sigo como analista de Tecnologia da Informação e transformei o desenho e a música em passatempo.
Abracei meu mundo, transformo os meus dias e tenho uma vida leve.
Meu convite é que se você também gostaria de viver algo parecido, permita-se experimentar, liberte-se da culpa de achar que está errado ou que errou, da necessidade de ter que escolher algo e se organize para trazer para o seu dia a dia as qualidades que você quer viver. Este é o melhor caminho para uma vida mais leve e feliz.
Renata.
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