Salva por detalhes

O que você quer ser quando crescer? Você vai casar? Quer ter quantos filhos?

Perguntas que muitas vezes ouvimos na infância.

As brincadeiras das meninas giravam em torno disso: se casa ou não casa, com quantos anos quer se casar etc. Bom, estou quase nos quarenta, então posso me apropriar do “Na minha época era assim”.

Cresci com esse papo, queria casar aos 26, ter três filhos, ser médica, as vezes veterinária, outra hora artista, talvez de cinema, porque eu estrelava muitos comerciais de xampus, sabonetes e cremes dentais na hora do banho. Além de ter pensado em ser pastora, professora e confeiteira (brincar de escolinha, igreja e fazer bolo de terra decorado com cola branca eram meus fortes).

Na vida real, casei quando completei 32 anos, tenho um filho até então e estou criando coragem para mais um, três me parece muito ousado. Profissionalmente demorei para entender essa bagunça toda que eu preferia na infância, passei perto e longe a depender do ponto de vista.

Nessa jornada de busca por mim mesma, percebi que casamento, profissão, carreira são pontos importantes, mas não são determinantes para uma vida feliz como muitos nos obrigam a pensar.

 A vida é “salva nos detalhes” do dia a dia.

No acordar cedo para escrever ou fazer algo que você tem vontade.

No cheirinho do café coado no pano mesmo quando você não toma.

No barulho dos passos do meu menino chegando na cozinha.

No abraço de bom dia do meu marido.

Nas conversas e riso solto do ambiente de trabalho.

No voltar para casa todos os dias e ter a oportunidade de brincar com quem amo.

No compartilhar de um conhecimento novo, ou ainda de algo velho e fazer a diferença na vida das pessoas que me acompanham.

Em cada traço dado em uma folha de papel, no colorir dos meus desenhos.

Nas músicas que eu escolho ouvir.

Minha vida é salva nos detalhes todos os dias.

Eu poderia estar presa a minha mudança de carreira que ainda não aconteceu.

Eu poderia estar lamentando o remédio que preciso tomar.

Eu poderia estar presa a tudo que me incomoda e me aflige.

Eu poderia…Ainda bem que é futuro do pretérito, não presente.

Ser feliz tem a ver em deixar os detalhes salvarem nossa vida.

Como é isso para você?!

Renata.