A paisagem não é nada convidativa. Paredes sujas, encardidas e ainda por cima riscadas. O ar de bagunça me fez desejar ir embora. A vontade era essa, mas por um simples motivo ainda estava ali, a casa é minha. De algum modo, tenho responsabilidade por tudo que acontece nela. Falta limite, disciplina e ordem nessa casa?
Fiquei ali parada alguns instantes, quando ele chegou. Ele vinha esfregando os olhos, com um sorriso no rosto, se aproximou e pediu colo. Mas não era qualquer colo, era um colo “levantado” como ele diz. Sendo assim, levantei e o carreguei.
O diálogo é quase sempre o mesmo, pergunto como foi a noite, se dormiu bem e se pode ficar sentado na mesa da cozinha enquanto preparo nossa refeição. Geralmente ele diz que dormiu bem e que pode ficar sentado na cadeira, mas antes tem um embalo, um canto e um abraço apertado.
Dessa vez foi diferente, ele perguntou se podia brincar com um caminhão e foi para o chão. Enquanto eu cozinhava, ele cantarolava e inventava histórias.
Ri sozinha. Olhei novamente para a parede e ela já não me incomodava, senti amor e alegria.
Os ângulos da vista traduziam imaginação, espontaneidade e liberdade.
De onde você está olhando?
Imaginação, espontaneidade e liberdade ou sujeira, indisciplina e ausência de limite?
Duas formas de interpretar, outros jeitos de sentir.
A verdade é que o que vemos e sentimos vem da história que nos contamos. O fato é que a parede está riscada e só isso.
Nada, nem ninguém tem o poder de criar um sentimento dentro de mim, é minha responsabilidade.
Nada, nem ninguém tem o poder de criar um sentimento dentro de você, é sua responsabilidade.
E ninguém tem responsabilidade pelos sentimentos dos outros.
De onde vem a sua história?
Oi,
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