Agradar aos outros não é um defeito, ao mesmo tempo que pode ser um problema quando você renuncia a si para satisfazê-los sem medir as consequências. Esse é um ponto que traz impacto na vida recheada de dias incríveis que você quer ter.
Para onde você está olhando? Quem você ouve primeiro?
Desde 2009 venho nesta jornada. O fato de ter adoecido cronicamente despertou para olhar o que estava fazendo com minha vida. Trabalhava todos os dias, incluindo os finais de semana.
Eu buscava ser bem-sucedida, o bem-sucedida pode ser resumido ao grande sonho da classe média: passar num concurso público, ter uma casa bem localizada, carro e a possibilidade de viajar pelo menos uma vez por ano.
Havia a necessidade de agradar não só a família, mas também validar para a sociedade que eu tinha dado certo. E para agradar a todos, dentro do meu ponto de vista, era isso que eu deveria fazer.
Quantas escolhas são verdadeiramente suas?
Para onde você está olhando? Quem você ouve primeiro?
Final de 2011. Eu estava parada numa esquina próxima ao meu local de trabalho, quando um rapaz pediu informações. Era um turista, como boa geminiana que sou, conversamos, ele se despediu e segui para casa.
Dias depois essa pessoa me adicionou nas redes sociais e resolveu me paquerar. Lembro de informá-lo que estava comprometida e ele não tinha chance. No entanto, eu havia gostado. A investida dele me tirou do automático e me fez refletir sobre a vida que levava. Minha vida andava tão sem graça, sem diversão, sem curtição, ela se resumia a estudos e trabalho. Vinha nesse movimento de me reencontrar, mas só a artrite ainda não tinha sido o suficiente para cair a ficha do quanto sobrevivia.
Mexida emocionalmente, falei para meu noivo que não queria mais aquela relação, entre alguns “a culpa é tua” e outros “tudo bem” decidimos terminar nossa relação de oito anos. Não éramos felizes juntos, nos conformávamos um com o outro.
Esse foi o primeiro fim da sequência de fins que vieram posteriormente. Todos cercados de medo do que os outros iam dizer, de ficar sozinha, de não pertencer Tenho certeza de que você já viveu isso em algum momento da sua vida. Olhou para fora e algum medo te assombrou.
Ainda assim, com apoio e muita coragem: parei de atuar como professora universitária, tutora e arquiteta,além de abandonar o mestrado. Passei a ter as noites e o fins de semana livres de compromisso.
Diversão, romance, viagens, passeios, festas, hobbies foi um pouco do que ganhei de cara! E com o tempo veio algo mais significante, a remissão da artrite. Lembro muito bem desse dia, que o médico viu meus exames e deu a notícia. Isso acontece quando ela ainda existe, mas não se manifesta.
Eu estava no auge, me sentia tranquila e realizada com as minhas escolhas. Tinha conseguido abandonar várias coisas que não faziam mais sentido. Eu me via, ouvia minha voz.
Para onde você está olhando? Quem você ouve primeiro?
Eu tinha virado a chave. Ter sonhos para realizar grandes coisas é importante e conquistá-las melhor ainda, mas não à custa de tudo. Nossa vida não é feita de grandes acontecimentos, mas desse dia a dia de levantar, sair para o trabalho, voltar para casa, descansar e amanhã começar tudo de novo.
E essa rotina pode ser bem melhor quando você se coloca de verdade no centro da sua vida. Era exatamente o que eu vinha fazendo.
Engraçado que o avião cansa de avisar para colocar a nossa máscara primeiro para depois colocar nos outros, mas a gente insiste em fazer o inverso.
E o que vou falar agora pode parecer obvio, mas senti de dizer mais uma vez, coloca a tua máscara primeiro, que vou colocar a minha aqui também.
Mas essa máscara que quero que você coloque é a que transpareça quem você é, com seus pontos fortes, pontos de melhorias, suas alegrias, tristezas, chatices, aquela que vai permiti-lo VIVER, aproveitar o tempo que resta, porque se tem algo que posso afirmar: a finitude é crônica, um dia todos nós vamos morrer. Então precisamos fazer cada dia valer a pena.
Para onde você está olhando? Quem você ouve primeiro?
É fácil falar, talvez agora você esteja pensando: como vou fazer isso? São inúmeros conflitos internos. Eu sei bem do que estou falando. A causa da não realização de muitas pessoas vem daí, se colocarem em segundo plano e sentirem-se esgotadas, cansadas, buscando fazer tudo para todos. Como eu disse no início, agradar aos outros não é um defeito, ao mesmo tempo que pode ser um problema quando você renuncia a si para satisfazê-los sem medir consequências.
Como dizer NÃO para um filho? Como dizer NÃO para a mãe? Como sustentar o que sinto, se a maioria pensa diferente de mim? Como não entrar em conflito?
E para elucidar essas questões, considero seis pontos essenciais.
O primeiro ponto que você precisa entender é que CONFLITO é inevitável. E não estou falando de briga, estou falando de divergências sejam elas quais forem, por exemplo, eu quero sair para praia, meu marido quer ir para o cinema. E esse conflito pode ser com alguém ou pode ser consigo mesmo.
O segundo ponto é permita se conhecer. Autoconhecimento é a grande chave, quanto mais nos conhecemos, mais fácil fica fazer escolhas, implementar mudanças, ter aceitação sobre quem somos e descansar.
O terceiro ponto é entender os seus medos. Por que você sente que não pode desagradar as pessoas? E por que você acredita que não pode entrar nessa equação de agrados?
Medo é uma das emoções humanas mais básicas e comuns. Entenda por que ele está aí, o que você sente que precisa e faça o que gostaria de fazer, apesar dele.
O quarto ponto é se expresse. Não espere que as outras pessoas adivinhem o que você está sentindo e precisa. As pessoas em geral vão demandar, vão dizer do que precisam e mesmo que se sinta “obrigado”, lembre-se que tem escolha. Você que comunica seu limite. E você só consegue fazer isso se conhecendo, fazendo uma escuta interna. Seja verdadeiro com consigo e comunique a sua verdade.
O quinto é seja corajoso. Ser corajoso tem a ver com avançar e expandir os nossos limites na vida, ampliar as fronteiras do que julgamos possível ou apropriado. Tem a ver com viver, falar e agir de forma corajosa e honesta com quem realmente somos, não se trata sobre ser provocador ou controverso, só por ser. É tomar a sua escuta interna e viver alinhado com ela, independente da opinião dos outros.
E para fechar essa lista, celebre quem você é. Aprecie quem você é, reconheça quem se tornou, sem esperar que as pessoas o validem. Faça as pazes consigo. A gente passa a maior parte do tempo buscando conserto, como se nunca fosse bom o bastante, embora não tenha problema em querer melhorar ou mudar certas características, a melhor forma de lidar com isso é a partir da autoaceitação e amor por si.
Aprecie seu valor.
Para onde você está olhando? Quem você ouve primeiro?
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