Abra as portas para novas possibilidades
Aquele velho caminho, mesmo horário e volume de carros. Estava acostumada, até a música se repetia e todos os dias chegava no horário. A rotina automática, se eu soltasse o carro ele faria o percurso sozinho, talvez apitasse para as mesmas imprudências, seguiria na mesma música sem me perguntar nada, presente sem presença. Saí muitas vezes sem tomar o café, não dava tempo. Quando chegava no trabalho, a fome me fazia lembrar que eu existia, então ia até a feira comer um queijo quente com suco de maracujá. Esse café da manhã improvisado era uma delícia e me fazia ver com bons olhos o sair de casa às pressas.
Esse mesmo sair de casa às pressas me fez quase bater o carro, não pela correria em si, mas porque estava fazendo maquiagem e dirigindo, me distraí do trânsito e quase subi a calçada. Levei um susto, ainda bem que era cedo porque eu fazia mestrado, então as 7h deveria estar no trabalho para poder cumprir a carga horária e sair para aula. Minha aula era a noite.
Às 16h seguia para universidade, às 22h voltava para casa e em média às 23h iniciava os estudos. Não sei que horas dormia, quando me espantava levantava da mesa e ia me deitar na cama. Foi quase um ano assim, até que um elogio trouxe um despertar.
Estou feliz com a vida que estou levando? Ainda não entendia sobre felicidade, mas sabia o que sentia e meu sentimento não era dos melhores.
Nessa época por algum motivo tive coragem de romper com a vida que levava, comecei a me ouvir e cuidar do que realmente entendia como meu. E foi engraçado porque meses depois a doença autoimune entrou em remissão e confesso a você que eu não fazia nada em especial para isso, comia de tudo, não tinha terapia e nem atividade física. Esse fato sempre me conta como a nossa mente é poderosa e dar ouvidos aos nossos sentimentos também.
Renunciar ao que é costumeiro assusta, no entanto, se questionar se ele continua a atender suas necessidades ajuda a ter uma qualidade de vida melhor e muito mais alinhada com aquilo que você quer.
Deixar ir, abre espaço para que novas possibilidades se apresentem. Se você tem um sapato velho no armário, ele está ocupando espaço, não tem como colocar outro no mesmo lugar, cabe a você abrir portas para novas possibilidades.
Explore o novo.
Por Renata Cantanhêde.
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