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Comunicação não Violenta

Conexão, compreensão e troca genuína: ele ama, eu não

renatacantanhede
Escrito por renatacantanhede em 17 de abril de 2024
Conexão, compreensão e troca genuína: ele ama, eu não

Ele ama carrinho. Eu prefiro colorir.

Ele ama brincar de luta. Eu prefiro cantar.

Ele adora esconde-esconde. Eu prefiro ficar contando história.

Ele ama criar história. Eu amo criar história.

Outro dia ele me disse que queria ficar comigo.

Nós vamos brincar de quê?

Que tal você sugerir, porque você não gosta de brincar de carrinho e eu gosto é de brincar.

Uma pausa na história para um comentário, fico intrigada com o poder de argumentação dessa criançada. Meu filho, aos quatro anos, me diz cada coisa. Imagino o que você deve ouvir por aí, porque aqui tem horas que não sei nem o que dizer.

Agora de volta. Meu cérebro “bugou” com a resposta e entrei em conflito. Eu, toda “trabalhada” na Educação parental e Comunicação não-Violenta, preocupada em educar com respeito, para que meu filho se sinta com autonomia, autêntico, seguro e saiba fazer suas escolhas, recebo um “escolhe aí”.

Considerei três interpretações possíveis.

Interpretação 1: Ele tem consciência sobre os meus gostos e quer me agradar com a intenção de ter minha presença;

Interpretação 2: Não importa o que ele gosta de fazer, para ficar comigo tem que fazer o que gosto;

Interpretação 3: Ele gosta de brincar de qualquer coisa, então o que eu escolher, serve.

Qual será a verdade?

Todas as opções podem ser verdadeiras, no entanto, só podia saber o que estava passando na cabeça dele se investigasse. Fiquei pensando como sair desse impasse, me dei um tempo, afinal ele é uma criança e a linguagem precisa ser próxima da dele.

Além disso, confesso a você que ter um diálogo dentro da perspectiva do que estudo, não é simples, preciso parar e refletir o que vou dizer, a base da minha educação foi o “adultismo”, ou seja, só o adulto sabe o que é melhor fazer, logo preciso de um tempo para formular o que dizer.

Habitualmente poderia simplesmente chamá-lo para desenhar e não me preocupar com o que ele estava sentindo, mas escolhi fazer diferente. Desse modo, avaliando o que ele disse, considerei que me deu opção, mas na verdade queria brincar de carrinho.

Sendo assim…

Filho, você quer brincar de carrinho, mas como sabe que a mamãe gosta mais de colorir, você está me dando a opção de escolher, é isso?

Ouvi um SIM agitado enquanto ele pulava uma mureta.

Eu também posso brincar de carrinho, realmente não é minha brincadeira preferida, mas não é um problema para mim. Que tal se criarmos histórias com os carrinhos?

Ebaaaa, eu quero.

Acrescento que você pode dizer o que prefere fazer, deixa que a mamãe decide se ela quer ou não. Tudo bem?

Tááá bom. Você quer carro de que cor?

Quero um laranja.

Eu vou querer um verde, um branco, mas você não gosta é de vermelho, mãe?

Não, prefiro amarelo.

Você não gosta de amarelo, sua cor preferida é rosa. Eu que gosto de amarelo.

Era um sábado de manhã, brincamos e rimos bastante. Treinar meu ouvido para escutar o que não foi dito tem nos proporcionado o que realmente importa, conexão, compreensão e o melhor de tudo, uma troca genuína.

Renata Cantanhêde

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